Atenção especial para os odores da boca – Diário do Nordeste

Halitose não é doença, mas um sintoma de que algo no organismo não vai bem.

Até chegar ao diagnóstico do mau hálito, muitas pessoas passam por vários especialistas, realizam exames que poderiam ser evitados (endoscopia, por exemplo) ou ingerem grande quantidade de antibióticos para debelar a ação de uma suposta bactéria. Tanto esforço muitas vezes não dá em nada. Embora a halitose em si não seja uma doença, é um sinal ou sintoma de que algo no organismo não vai bem.

Além de comprometer a auto-estima do portador, o mau hálito pode indicar problemas sistêmicos (refluxo gastroesofágico, alterações renais ou hepáticas, diabetes, câncer). As doenças bucais estão entre as mais comuns, como a hipossalivação (deficiência na produção de saliva) e a doença periodontal (problemas gengivais, comumente causados pelo tártaro, com quadro de sangramentos na gengiva), informa Dra. Daiane Rocha, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca, ABPO, (Regional CE).

DANOS – São muitas as razões, a começar pelos danos causados pelos microorganismos que desencadeiam o mau hálito. Estudos recentes mostram mais de 50 causas, sendo que a maioria apresenta repercussão na cavidade bucal, não necessariamente dentes como muitos pensam, mas saliva, língua e gengiva. Além das causas bucais, há várias de ordem fisiológica. São exemplos o jejum prolongado e as dietas descontroladas, causas que estão relacionadas com hábitos inadequados (bebidas alcoólicas, fumo, soluções para bochecho que possuem álcool na composição), ingestão excessiva de alguns alimentos (muito quentes, salgados ou condimentados). Também alimentos com enxofre na composição: alho, cebola, repolho, couve, latícinios e carne vermelha.

ENXOFRE – Além do odor desagradável, uma das características do portador é a presença de saburra lingual, embora represente apenas a conseqüência e não a causa principal. Em pequena quantidade e não tão freqüente, a saburra pode estar relacionada a ingestão de alguns tipos de alimentos (especialmente os ricos em proteínas). Sendo acentuada e constante, é considerada patológica.

Segundo explica Dra. Daine Rocha, a massa que se aloja na língua é composta por bactérias que consomem proteína e a transforma em compostos derivados de enxofre, partículas muito pequenas, mal cheirosas e altamente voláteis (ou seja, saem da boca sendo exaladas para o meio externo e percebidas pelo olfato de outros).

Essa proteína pode estar presente nos alimentos, na própria saliva (quando é mais grossa) ou nas células bucais que descamam sempre que há uma situação de ressecamento bucal. Isso ocorre em função de uma doença (hipossalivação) ou por um fator externo (alimentação que resseca a boca, estresse, uso de contínuo de medicamentos, especialmente os controlados como ansiolíticos, anti-depressivos, antibióticos).

HALÍMETRO – Com mecanismo similar ao de um bafômetro, o halímetro é específico para a percepção de enxofre. Trata-se de um meio complementar de diagnóstico, embora não deva ser interpretado isoladamente. “É apenas mais um indício para verificar se o hálito está alterado ou não, no momento do exame. Além disso, o aparelho não mede todos os tipos de compostos, não sendo capaz de detectar com precisão o hálito cetônico (comumente perceptível em jejuns prolongados e queima de gordura).

Diante da importância da prevenção e do tratamento adequados, a ABPO está em campanha no sentido de transformar o tratamento da halitose em uma especialidade. “Quando se tornar uma realidade, o estudo dos odores da boca entrará no currículo das faculdades, aumentando a demanda de profissionais para tratar o problema e, com isso, ampliando a possibilidade de tratamento gratuito nas universidades”, conclui.

Porque e como prevenir

– Visite o dentista semestralmente. Lembre que a avaliação periodontal também deve ser realizada;

– Realize uma boa higiene bucal, incluindo a limpeza da língua;

– Evite soluções para bochecho que contenham álcool em sua composição;

– Se existem problemas periodontais (tártaro, piorréia, sangramentos na gengiva), o controle deve ser rigoroso. 32% dos pacientes possuem as alterações periodontais como causa principal;

– Faça um check-up anual para manter a saúde geral;

– Tenha uma dieta balanceada;

– Beba no mínimo 8 copos de água (1,5 litros) por dia. Se praticar alguma atividade física, aumente a quantidade ingerida;

– Utilize alimentos fibrosos (diariamente) para aumentar a produção de saliva, além de facilitar o adequado funcionamento intestinal;

– Mastigue bem os alimentos para estimular a salivação e facilitar a digestão;

– Evite o consumo excessivo de alimentos de odor carregado (alho, cebola), café, gorduras e frituras, carne vermelha, leite e derivados, frios, achocolatados, bebidas alcoólicas, cigarro, drogas e outros;

– Alivie as tensões; controle o estresse. Adote medidas de relaxamento ou atividades prazerosas ao longo do dia;

– Adote uma rotina de exercícios físicos regulares;

– Faça pequenas refeições a cada 3 a 4 horas. Ficar muito tempo em jejum pode comprometer o hálito;

– A halitose é mais comum na terceira idade e em adultos, mas pode acometer desde crianças bem jovens e adolescentes;

– O Dia Nacional de Combate ao Mau Hálito, acontece em setembro, quando a ABPO promove campanhas incentivando a prevenção.

Fonte: Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca (Regional Ceará)

SERVIÇO: Mais informações sobre o SOS Mau Hálito no site www.abpo.com.br; Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca/Regional Ceará no site www.daianerocha.com.br.

fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=339437

 

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